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sábado, 29 de janeiro de 2011

SUPLEMENTAÇÃO DE CARBOIDRATO NÃO REVERTE O EFEITO DELETÉRIO DE ENDURANCE SOBRE O SUBSEQUENTE DESEMPENHO DE FORÇA

 Marcelo Saldanha AokiI, III; Francisco Luciano Pontes Jr.I, II; Francisco NavarroI, II, III; Marco Carlos UchidaI, III; Reury Frank Pereira BacurauI, II
ILaboratório de Fisiologia do Exercício Faculdade de Educação Física Centro Universitário UniFMU, São Paulo, SP
IIPrograma de Pós-graduação Lato Sensu - Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ
IIIInstituto de Ciências Biomédicas USP, São Paulo, SP



   Estudos disponíveis na literatura demonstram que a realização prévia de um exercício de endurance afeta de modo adverso o desempenho no exercício de força subseqüente. Tal ocorrência pode estar relacionada a mudanças metabólicas induzidas pelo exercício de endurance. O objetivo deste trabalho foi verificar se a ingestão de carboidrato (CHO) pode atenuar os efeitos de uma sessão aguda de exercício de endurance sobre o desempenho de força. A fim de testar essa hipótese, seis estudantes universitárias (164 ± 5,9cm; 64,9 ± 7,2kg), com experiência em treinamento de força, foram submetidas a um teste para a determinação do VO2pico (44 ± 4,3ml.min-1) e um teste de 1-RM para o leg press (186 ± 22,5kg) seguido de um teste de repetições máximas (duas séries de leg press realizado a 70% de 1-RM até exaustão 1ª série 21 ± 2,6 e 2ª série 11 ± 1,9 repetições) em dias diferentes. Seguindo um protocolo duplo-cego, os sujeitos foram submetidos a duas condições experimentais, recebendo uma bebida placebo (P) ou outra contendo carboidrato (6% - maltodextrina), antes (500ml) e durante (500ml) a realização de uma sessão de exercício de endurance (corrida em esteira 70% do VO2pico por 45 minutos). Em seguida ao exercício de endurance, os indivíduos realizaram um teste de 1-RM seguido pelo teste de repetições máximas. Não foram observadas mudanças no teste de 1-RM e na concentração plasmática de glicose entre as condições experimentais (P x CHO). O número de repetições máximas a 70%-1RM apresentou decréscimo nas duas situações (P 1ª série 13 ± 2,9 repetições e 2ª série 6 ± 2,1 repetições; CHO 1ª série 15 ± 2,5 repetições e 2ª série 7 ± 1,7 repetições, p < 0,05), não havendo diferença entre ambas. Uma sessão de exercício de endurance (intensidade moderada e longa duração) realizada previamente afeta de modo negativo a capacidade de realizar repetições máximas. Independente do mecanismo envolvido na redução do número de repetições máximas, o consumo de carboidrato foi incapaz de reverter esse efeito prejudicial. 

Rev Bras Med Esporte vol.9 no.5 Niterói Sept./Oct. 2003

Acesse o artigo completo:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-86922003000500004&script=sci_arttext&tlng=pt

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

AVALIAÇÃO DESCRITIVA SOBRE O USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES E SEU EFEITO SOBRE AS VARIÁVEIS BIOQUÍMICAS E NEUROENDOCRINAS EM INDIVÍDUOS QUE PRATICAM MUSCULAÇÃO

   Os esteroides anabolizantes são drogas sinteticamente derivadas da testosterona, o hormônio sexual masculino. Nas últimas décadas essas drogas vêm sendo utilizadas por atletas de elite, em maior parte, aqueles envolvidos em esportes de força e velocidade, para melhora do desempenho físico nas competições. Entretanto, o abuso dos esteroides anabolizantes passou a ser feito por frequentadores de academias, mais interessados nas alterações provocadas na composição corporal, observados com o aumento da massa magra e na redução da gordura subcutânea.
   Atualmente, nos EUA, estima-se que haja 3,5 milhões de usuários de esteroides anabolizantes e que, aproximadamente 3% dos jovens norte-americanos já fizeram uso dessa classe de drogas em algum período da vida. No Brasil, o levantamento anual sobre o uso de drogas psicotrópicas pelos jovens brasileiros em idade escolar, nas principais capitais brasileiras, demonstrou que, aproximadamente, 2% deles já haviam feito uso dos esteroides anabolizantes.
   



   O uso dos esteroides anabolizantes vem se tornando um problema de saúde pública ao longo dos últimos anos. No bojo do uso abusivo, muitos efeitos deletérios são observados, na sua totalidade por disfunções dos vários sistemas fisiológicos. Sendo assim, o objetivo do estudo de Venancio. D. P e colaboradores foi o de avaliar o eixo hipófise-gonadal, a função hormonal, as transaminases hepáticas e o perfil de hemograma de 61 voluntários distribuídos em três grupos: 20 usuários de esteroides anabolizantes praticantes de exercício físico resistido, 21 praticantes de exercício resistido sem uso de esteroides anabolizantes e 20 sedentários. Foi observada elevação do nível de creatina quinase nos dois grupos de indivíduos que se exercitavam de maneira resistida, em relação ao grupo de sedentários. Redução das gonadotrofinas LH e FSH do grupo de usuários de esteroides anabolizantes e elevação do nível de estradiol, em comparação ao grupo sedentário e treinado que não usa esteroides anabolizantes. Ainda, foi observada redução da fração HDL do colesterol, em relação aos dois grupos estudados. Desta maneira, o uso dos esteroides anabolizantes causa alterações bioquímicas que podem levar a instalação de efeitos colaterais.
   Os dados de vários autores sugerem que as alterações no perfil lípidico com uso dos esteroides anabolizantes ocorrem em grande parte na fração HDL do colesterol, principalmente, com o uso dos esteroides anabolizantes da classe dos 17-α-alquilados.
Os autores concluem:  

   Podemos considerar que o uso dos esteroides anabolizantes causa efeitos deletérios sobre inúmeras variáveis fisiológicas. Além disso, o uso abusivo dessas substâncias, em específico, pode levar ao comprometimento da função neuroendócrina, com o aparecimento de efeitos colaterais decorrentes da mudança desse balanço hormonal e prejudicar a capacidade reprodutiva do homem, potencializar o aparecimento de câncer na próstata e ginecomastia. Não obstante, parece que esses efeitos podem ser minimizados com a parada total do uso. No entanto, estudos longitudinais são necessários para elucidar o período exato do aparecimento dessas alterações, sobretudo com controle de classes de drogas utilizadas pelos voluntários.

Daniel Paulino Venancio, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, Sergio Tufik, Marco Túlio de Mello. AVALIAÇÃO DESCRITIVA SOBRE O USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES E SEU EFEITO SOBRE AS VARIÁVEIS BIOQUÍMICAS E NEUROENDOCRINAS EM INDIVÍDUOS QUE PRATICAM MUSCULAÇÃO. Rev Bras Med Esporte – Vol. 16, No 3 – Mai/Jun, 2010